sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

MANO LIMA ESTÁ DE VOLTA

 BATENDO ESTRIBO

Este é o novo Cd do Mano Lima, depois de 4 anos sem grvar nada ele está de volta. Pela Gravadora Vertical lança um album Duplo com músicas inétidas. Destaque para as faixas:
Laço bom e Mulher Bonita, Assim Sou Eu, Bailanta dos Bichos, Sete Furos, Ensarjetado e Macaquice.

Garanto a todos que este Cd não foge das caractristicas do Velho e conhecido Mano Lima, pois sua Gaita de botão não perde o compasso.

LAÇO BOM E MULHER BONITA
Mano Lima / João Barros / Peraque
Vanera

E cantando em rodei eu tenho vista de tudo
Mulher linda com homem feio e magra com barrigudo
Não me dou com o alheio com as casadas não me iludo
Potranca não bota freio nos beiço desse cuiudo
Tem uma coisa que eu guardo gravado me meu pensamento
Mulher é igual a pandorga que se vai embora com o vento
Bala trocada não dói isso não tem fundamento
Quem já perdeu acredita
Laço bom e mulher bonita não se deixa em acampamento.

Digo isso por esses dias me roubaram um belo laço
Eu cantava pra um sujeito que tinha dinheiro aos maços
Só por eu ter me descuidado terminou meu casamento
Ela se agradou de um carro, fazenda e apartamento.
Só me deixou um piazote cheio de mal e ranhento
As vezes o azar te visita
Laço bom e mulher bonita não se deixa em acampamento.

Quem escutou essa letra analise atentamente
Se anda meio descuidado comece agir diferente
Não se lembre do dentista só quando doer o dente
Coloque as barbas de molho
Pois tem sempre alguém de olho nas coisas boas da gente
Bala trocada não dói isso não tem fundamento
Quem já perdeu acredita
Laço bom e mulher bonita não se deixa em acampamento.
  
MANO LIMA.COM
Rodrigo Bauer – Amigo Souza
Vanera

Nunca pensei que eu ia ter um computador
Mas a vida de cantor nos obriga a algum floreio
Eu que não frouxo nem com praga de madrinha
Comprei um dos de malinha pra carregar nos arreios.

Diz que o perigo é de pegar algum
Que mandam pros bobalhão pra baixar o tal de PC
Eu tenho o pó de gafanhoto e o velho flites
Se acaso eles me visitem logo vão se arrepender.

Já mando e-mail, no twiter eu tô bem bom
Meu endereço Mano Lima.com

Em alguma coisa ainda me perco e me atrapalho
Meu compadre João Sampaio me socorre se puder
Ele me disse que a internet é uma teia
Eu a gente campereia do Japão ao Mbororé.

Dos bichinhos um deles já tá bem manso
Pro rato não dou descanso sem de noite ou de manhã
A pobrezinha da outra é que me apavora
Não bota o nariz pra fora a tal de memoria RAM.

DE TRAZ PRA DIANTE
Mano Lima
Rancheira

Comprei um tacho pra fazer melado
E não tenho um pé de cana plantado
Fiz mangueira grande e banheira de nado
E não tenho nenhuma cabeça de gado.
Fiz tudo isso por que sou do contra
Não acompanho, mas não sou berrante
Como quem laça terneiro novo
De laçada grande de traz pra diante.

Uso corda forte igual meu tutano
E não acompanho nem o meu avô
Escondo a cabeça atrás da paleta
Pra ver o estalo do chinchador.
Não é por falta de sabedoria
E nem por falta de conhecimento
Conheço até o cego dormindo
E o homem que laça só no agarrar o tento.

A mim o mundo não leva
E nem a vida vai me lavar
Embora fosse pelado por ela
Mas nunc apode me derrubar.
Não tenho nada e também nada quero
Mas conquistei um espaço no vida
Agora sim eu levanto as mãos
E caio no pealo da china querida.

RECREIO
Mano Lima – Zé Barbosa
Vanera

Sou vertente de água pura, sou sentinela do pampa
Eu sou tropeiro que acampa enquanto a tropa descansa
Sou o progresso que avança na direção do futuro
Eu sou o minuano puro cabrestiando uma esperança.
Tal qual a velha Missões que Sepé glorificou
Um pouco do que restou deste caudilho imortal
Sou o escarcéu de bagual bem no alto da coxilha
Eu sou mais um farroupilha buscando seu ideal.

Pra quem não sabe quem sou, sei que meu verso dirá
Minha matas tem mais verde, mais prata tem meu luar
Querência flor de querência, lindo lugar pra morar,
Rincão que a natureza chamou de Maçambará.

Sou campo de pasto verde, do salso e do gerivá
Sou o canto do sabiá, recreio de boa aguada
Sou grito do mão pelada lá na costa do banhado
Sou presente, sou passado, sou clarim da madrugada.
Sou a querência mais nova que a geografia pariu
Ventada de chuva e frio pelas mãos da natureza
A fauna é minha riqueza, a cultura é meu estudo
Na plantação tenho tudo, fartura e pão sobre a mesa.


ALPARGATA BIGODUDA
Mano Lima
Vanera

Uma alpargata bigoduda e furada no garrão
Me tropeando com malesa, é braba minha situação.
O fogão custa dinheiro pra poder fazer fumaça
Eu tô igual custo lebreiro aparecendo a carcaça.

Bateu a peste da rã nas pobres das minhas panelas
Rec-rec, rec-rec, me aparece o fundo dela.

Minha mulher já anda braba, diz que não presto pra nada;
Quer me empurrar goela abaixo esse tal de viagra.
Mas eu não sou índio otário e ainda não tô louco
Eu só sei que isso além de caro levanta um e derruba o outro.

A MULHER E O CAVALO
Mano Lima – João Sampaio
Vanera

Foi andando pelo mundo do jeito que o gascã quer
Eu descobri muita coisa entre o cavalo e a mulher
Mulher feia meu parceiro mesmo confiando a quadrilha
É como cavalo aporreado, ninguém gaba, nem encilha,

Mulher ciumenta amigaço por mais que seja prendada
É como cavalo torto sempre arisco e desconfiada.
Mulher rica e querendona e parelheiro enjardeiro
Todo mundo elogie e cobiça pra por o arreio

Mulher braba e caborteira perece jaguatirica
É como matungo queixudo nega o freio e adeus tia chica.
China que da faladeira passa o dia matraqueando
É cavalo de mascate anda vendo e comprando.

Minha mulher me deixou, cavalo roubaram um dia
A mulher não tem problema, cavalo é o que mais queria
Cavalo custa dinheiro e mulher não me faltaria.

A mulher desaforada por mais que tenha respeito
É como pingo coiceiro tem que se chegar com jeito
Mulher solita sem dono, bonita não perde a vasa
É cavalo de tropeiro desses que não para em casa.

Mulher sarnenta e dengosa e cavalo passarinheiro
Abre o olho meu irmão, sempre alerta companheiro
A mulher namoradeira de vereda ela se entrega
É igual matungo sogueiro em qualquer campo se pega

Mulher prenha e barriguda é como cavalo sião,
Anda com a chincha do sovaco e sempre perdendo o chergão
Mulher que logra o marido isso aprendi as duras custas
É igual bagual caborteiro de qualquer cosia se assusta.

Minha mulher me deixou, cavalo roubaram um dia
A mulher não tem problema, cavalo é o que mais queria
Cavalo custa dinheiro e mulher não me faltaria.

BAILANTA DOS BICHOS
Mano Lima
Marcha

Quem é aquele moço de chinelo grande
Que elegante caminha é o pato, é o pato
Disse a angolista
Assim deste jeito para a galinha
O marreco mui debochado
Deu uma risada assim qua, qua, qua
O pato não é de nada,
Ele é só elegante pra caminhar.
O sapo porteiro do baile
Cuidava os cascudos pra não deixar entrar
Pra manter a sua fama
Engolia cascudama pra não incomodar
O perdigão vinha da chácara
Com os pés sujos não pode dançar
Cravava o bico no chão
Eu sou o perdigão e pegou assobiar

O avestruz índio campeiro,
Só vendo o entrevero fazia um hum;
Vendo que o baile dos bichos
Ia dar reboliço, ia dar sururu
Mal a cigarra abriu o peito
E um certo sujeito já se apresentou
O gamba com a boca azeda
Quis beijar a galinha e o galo não gostou
O porco já virou a mesa
E foi pra cozinha e o veado disparou
O zorrilho com a cola erguida
No meio da sala em muitos mijou.

O sapo vendo a coisa feia,
Marimbondo e abelha que passam pra adiante
Escorado no baldrame
Dizia pro enxame gurizada avancem
Foi um entrevero danado
Quando o vespado entrou no salão
Abelha e marimbondo preto
E daqueles vermelho é brabo o ferrão
Deu um esparramo de bicho,
Até o pobre do ouriço pegou se bailar
Ficou só o gaúcho grilo
Tenteando um violino atrás do sofá

MACAQUICE
Mano Lima / Ricardo Lima
Bugio

Eu tava na Argentina num aguapé pescando
Cheguei no acampamento tinha um bugio se aquentando
Lhe ofereci um chimarrão no que aquentou a cambona
Me fez sanha que não e me pediu uma carona.

Então pensei comigo vou levar este macaquito
Porque lá no Brasil nós vamo fazer bonito
Vamos cantar em inglês, em Barretos no Cowboys
E para os gauchinhos vamos hablar em espanhol.

Vamos cantar as missiones e la siera tambien
Vamos hablar em espanhol ao puevo que eu quiero bien

Mas foi no meio do rio que o bugio me surpreendeu
Me disse como é bom a gente vim pra onde nasceu
Mas afinal quem é tu, de onde tu vem vivente
Eu sou de São Francisco, brasileiro e rio grandense.

Esse macaquinto me empunhou bonito
Porque el macaquito era  brasileirito.
Esse macaquinto me empunhou bonito
Porque el macaquito é brasileirito.

DOM FERMINO
Mamo Lima / Rodrigo Bauer
Chamarra

Dom Fermino olha pra vida com seu olhar penetrante
Vai contemplando os detalhes do que conhece bastante
Por ter vivido contente cada nuance e matiz
Sabe que o homem mais sábio não passa de um aprendiz.
Esquenta a água pro mate no seu galpão fumacento
Enquanto cuida a cambona vai campereando por dentro
Precisa dessas quietude e dos punhais que ela crava
Pois sabe que no silencio cabe todas as palavras.

Dom fermino afia a faca e desquina tentos parelhos
Nem que lhe peçam bastante, jamais arisca um conselho
Vai trançando laços fortes que aguentam uma polvorosa
Na trança usa a saliva que economiza na prosa
Ainda encilha o cavalo, enverga a pilcha completa
E a barba branca lhe empresta um certo ar de profeta
Será humano eu pergunto que tanta luz erradia
Parece um bruxo campeiro, guardião da sabedoria.

É desses homens de antanho sempre atalhado a facão
Estão desaparecendo frente à globalização
Respira a filosofia, faz da ética a verdade;
Sem nunca ter se sentado num banco de faculdade.
Dom Fermino é da fronteira, olhar de pampa e de serro
É mescla do velho Braun Nunes, com algo de Martin Fierro
Das rugas vergas de arado, arroios nas cicatrizes
E uma gente se forjada com raças de três países.

Conhece os jujos do campos entende os males e curas
Domina as voltas da lida mesmo em qualquer por ventura
Não se arisca no serviço, nem facilita o perigo
Sabe que tudo que é vivo carrega a morte consigo
Dom Fermino não se espanta, a força vem lenhadita
O tempo atrasou seus passos parceiros das alpargatas
Nenhum tropeço-lhe assusta, ninguém lhe faz inseguro
Quem não arrelha o presente, não teme o próprio futuro.

NO RANCHO CORAÇÃO
Mano Lima / João Sampaio
Chamarra

Deus após criar o mundo ficou pensando ao matear
Em que rincão escolher um ranchito pra morar
Depois de muito pensar solito na madrugada
Em cada coração humano se arranchou e fez morada.
Não deixa tua pessoa campear deus só quando chora
Visite ele diariamente, não somente nesta hora.

Não siga falsos profetas que vendem ele aqui fora
No rancho do coração, dentro de ti que ele mora.

Siga o sinuelo do bem, derrame onde for seu unto
Para que o homem e poder um dia ainda viavam junto
Lute por um mundo justo sem ganancia ou mexerico
Onde o pobre deixe de ser dominado pelo rico.
Por isso eu falo com deus diariamente lado a lado
Num mundo já carcomido pelo cupim do pecado

Falado:

Não me venha com lorota de bruxa e de lobisomem
O pecado é sempre o mesmo embora tenha vários nomes;
Como dizia um paisano que por teres sede e fome
Que viu as desigualdades de cascatas e sobrenomes
Não tenho conta com deus, minhas contas são com os homens.

MARIA FUMAÇÃ
Mano Lima / Olgi Zauza Krejci
Toada gaúcha

Quando vejo uma criança no encanto dos folguedo
A arrastar tem de brinquedo ao logo de minha rua
Me vem a imaginação feito uma onda que passa
Da velha Maria fumaça cruzando as coxilhas nua
Lembro bem da caixa d’água, da linha sob o dormente
Do vagão carregando gente, vagão que vai e que vem.
Sonhei ser chefe de trem pra ouvir barulho e apito
Ter um uniforme bonito que nenhum sultão o tem.

Dói tanto a recordação, como é triste uma lembrança
Quando se perde a esperança e não se tem pra onde ir
Nas águas da evolução na pre-potência e do berro
Mataram a estrada de ferro e dos meus sonhos de guri.
Tudo em volta esta deserto parece não ser verdade
Só restou uma saudade do que não pode ficar
A estação do Mbororé foi no ultimo vagão
Os arreios deste peão para nunca mais voltar.

Quando vejo uma criança no encanto dos folguedo
A arrastar tem de brinquedo ao logo de minha rua
Me vem a imaginação feito uma onda que passa
Da velha Maria fumaça cruzando as coxilhas nua
Tal qual trem madrugador sempre convido meus filhos
Pra caminhar sob os trilhos na hora do sol nascer
Não adianta mais chorar sobre o leite derramado
Só é bom lembrar o passado pra tradição não morrer.

ASSIM SOU EU
Mano Lima / Ivo José Patias / Amigo Souza
Chamamrita

Já cresci tenho alguns anos e vivo nesta cidade
Herói pra mim são meus pais que me amam de verdade
Dão-me tudo que preciso amo, carinho e atenção
O meu orgulho por eles eu demonstro na emoção.

Sou feliz tenho você, sou criança nesta idade
Não sei mentir, nem fingir tudo que falo é verdade.

Tenho um jeito diferente, pouco importa, sou assim
Esse é meu modo de vida e muitos gostam de mim
Valorizo as amizades, garimpo, outras insisto
Só não entendo aqueles que ignoram que eu existo.

Sou gente, sou ser humano deram limite pra mim
Sou um educando Apaeano foi Deus quem me fez assim
Se tu entende meu jeito que fazer-te um pedido
Da-me um abraço apertado e diz sou teu amigo.



SETE FUROS
Mano Lima / Edilsom Villagran
Vanera

Se acaso nos fosse um rancho a guincha era uma peneira
Pelos buracos que temos íamos ter muitas goteiras
Por que temos sete furos, porem sete especiais
Dois que cheiram, dois que escutam, um que entra, dois que sai

Meu rancho não era bom por causa dos vazamentos
Ca pra nos são necessários todos esses fundamentos
Por que temos sete furos e os sete fundamentais
Dois que cheiram, dois que escutam, um que entra, dois que sai

Por termos nascidos assim não precisamos maia furos
Os que vivem se furando irão pagar no futuro
Por que temos sete furos e os sete fundamentais
Dois que cheiram, dois que escutam, um que entra, dois que sai

Furam o beiço, a orelha, furam o focinho e a língua
Não basta os furos a bala que matam muitos a mingua
Por que temos sete furos, pra nós não precisa mais
Dois que cheiram, dois que escutam, um que entra, dois que sai

ENSARJETADO
Mano Lima
Tango

Sei que te dizem que eu ando pela rua
De bar em bar, tô bebendo até cair
Não te preocupe porque a culpa não é tua
A culpa é toda do que eu sinto por ti.
E se um amigo te pedir que me levante
Diga então que vai pensar com carinho
Por que senão por ti meu grande amor
Me deixem quieto aqui na sarjeta dormindo

Se por acaso te encontrar mui borracho
Seja macho e trate de levantar
Com certeza me amava e não sabia
E se soubesse também poderia lhe cuidar.
Não pense que estou orgulhosa
Mesmo sabendo que por mim esta bebendo
Pois se pudera prenderia em meus braços
Este borracho que de amor esta morrendo.

Quando um home cai e não levanta
Pode ir lá que é certo que se machucou
É na bebida que as magoas a gente espanta
Eu bebo pra curar a minha dor.
E se me chamam de borracho não me importa
Não interessa que de mim irão pensar
Só quem já sofreu por amor me entende
É só quem entende de amor pode falar.


PEDRO PAMPA
Mano Lima
Vanera

O Pedro pampa era um taura
Crioulo da Vila Treze que se arranchou no Mbororé;
Tinha um campito pequeno
Uma ponta de gado bueno e um touro bravo jaguané.
Amigado com a Formosina
Uma Mbororeana de lei das que vem pela fumaça
Tinha dois gêmeos muchachos
Dois rapazotes bem macho no ponto de sentar praça.

Foi bem na entrada do inverno
Que o Pedro Pampa e a muié foram de trem pra Itaqui
Comprou um sortido uma cota
Um poncho e um par de botas pra cada um dos guri;
Enquanto a mulher descansava
O Pedro pampa mateava na salita da pensão
Quando avistou uma cigana
Um olhar de cobra insana pra embuçalar o cristão.

Meu filho larga essa cuia
E abre bem tua mão canhota do lado do coração
De repente muda e bem franca
A cigana ficou branca e quase caiu no chão
Perguntou ao Pedro Pampa
Se ele tinha um touro brabo do pelo mais lindo que há
Respondeu que sim, já aflito
Ela disse aqui ta escrito que o touro vai te matar.

O padro Pampa era um taura
Que na rodada da vida sempre correndo saia
Pra não abusa da alma boa
Não contou nada a patroa e essa noite não dormiu
Mas numa certa manhã
Só os dois a beira do fogo passado mais de semana
De repente de relancina
Ele contou pra sua china a previsão da cigana.

A Formosina era taura
Sabia tudo da vida mulher guapa e companheira
Disse ao Pedro sem alvouro
Amanhã carneamo o touro e tu nem vai na mangueira
A Formosina e os gêmeos
Tentando encerrar o gado a grito, cusco e laçaço
 O touro soltando fumaça
Com as aspas de quase braça saio do tronco do laço.

Um ods gêmeos de vereda
Passou o laço num cinamomo como seu pai lhe ensinou
Outro botou numa pata
E a Formosina mulata já veio correndo e sangrou
Tava o touro desmanchado
Couro e carnal pra cima e a cuscada em escarcéu
Na outra ponta a cabeça
Com as aspas de lanças afiada como olhando pro céu.

Foi então que o Pedro Pampa
Deixou o corpo do galpão e se veio com ar de graça
Pegaram as guampa dos touro
Pra dois borrachão de estouro bem lotado de cachaça
A Formosina e os gêmeos
Lidando com a carne do touro debaixo de uma ramada
Viram o Pedro Bavaresco
Resvalar no couro fresco e se espetar numa aspa afiada.

No campo santo do Mabororé
A direita de quem entrada como uma estaca reluz
Num cerne de currunilha
A saudade da família nos dizeres de uma cruz
Aqui jas o Pedro pampa
Um gauchão do Mbororé que foi tropear no perigo
Com sua estampa paisana
Pois como disse a cigana ninguém muda o que esta escrito.

MULHER E BOCA DE ÉGUA
Mano Lima
Vanera

Mulher e boca de água não é fácil companheiro
Pois mais que se saiba tudo a gente esta sempre aprendendo

Eu tenho levado golpe to com a clavícula quebrada
Não largo água com areio e nem china mal amada.
A mulher tem asa e voa na ponta do coração
Égua com  boca quebrada não presta mais meu irmão

A mulher tem que ter sorte e tem segredo também
Pois não é igual a cachorro que a gente chama e se vem
Boca de água também tem que sabe lidar
Tando domada vai na boca e não deixa veiaquear.

Tem três coisas no namoro que eu posso lhe ensinar
A primeira e enxergar devagar pra não demais
A segunda de mansinho tente se aproximar
A terceira tem segredo com carinho ai de apetar.

Falado:

Eu sou da boca da égua, bagual mas também sei amar
Quando a gente vai na boca tudo pode se ajeitar

Cantado :

Coração tá calejado não tem mais medo de amar
Depois que o freio faz calo na boca da pra golpear
Não precise usar abridor, nem de mola pra enfrenar
Atraque-lhe freio bruto e o segredo ta no enfrenar.

RANCHO DE VIDRAÇA
Mano Lima
Xote

A gente somos cada um no universo
Disse uma prenda no principio de namoro
Eu disse a ela venho do rio grande velho
Da tropa alçada e dos índio marca touro.
O meu bigode ta branco não é do tempo
Bombeia bem que isso é farinha de mandioca
Eu me criei só com tutano de chibo
E galopeando cuiudo com massarote.

Ela me disse amor tempos melhor aquele
De circunstância e de principalmente
A gente tem que manter o nível e a cultura
Pras criaturas não pisar em rima da gente.
Eu disse a ela só o que me cruza por riba
É alguma égua que as vezes plancha comigo
Sai corcoveando se queixando campo afora
Igual mulher quando apanha do marido.

E assim se fomos naquela eca baguala
De pessigueiroides e de laranjoides
Eu dando pau tipo bicho em égua porreada
E o namoro se arrumou bem nos conforme.

CHAMADO
Mano Lima
Milonga

Recebi o teu chamado quando me senti agraciado
Com um abraço apertado de alguém que me amava;
Recebi o teu chamado
Quando sai na rua uma criança me abanava.

Recebi o teu chamado
Quando não esmoreci com a cruz que carregava
Quando percebi o teu chamado
Quando me senti amado por alguém que me escutava.

Recebi o teu chamado
Então fiquei maravilhado e não deixei cair no chão
Era Jesus que me sondava
Era o amor que me ensinava abrir meu coração.

MARAGATOS E CHIMANGOS
Mano Lima
Chamamé

Com um par de esporas e um par de botas garrão de potro
Foram crescendo um de um lado e outro do outro.
Um maragato de cruz na testa federalista
E um chimango republicano que era borgista.

Mas enquanto a guerra dormia e sonho crescia nos Mbororeano
Que brincavam todos os dias na sua infância fazendo planos
Mas o destino maleva os dois estava cuidando
Pra quando crescessem seguisse o clarim e a voz de um comando

Veio a revolta e lá se foram os dois soldados
Dois amigos que como irmãos tinham se criado
Lhe toparam de cara a cara e de frente a frente
Dois valente, mas que nunca tinham brigado.

Foi numa noite de tormenta e de chuva forte
Que se toparam as duas forças em duras naus
Numa invernada de boi criado e caborteiro
Que apartou o entreveiro disparando com o temporal.

E foi nesta noite que se toparam os dois teatinos,
Bem no lugar onde o destino marcou
E o pai de um deles que peleava ao lado do filho
Disse vamos embora tu não vê que a tropa recuou.

Desculpe pai um homem morre, e não recua;
Vai com a tropa que eu vou ficar com o que tu em ensinou.
Por serem taura os dois gaúchos era arrojados
Se rebelaram pela garupa do cavalo.

Peleavam brincando igual dois capinchos na enchente
Dois rio-grandenses um lenço branco e um colorado
Conhecer as coisas só nos ajuda livrar do perigo
Prestar atenção pra mesmo na guerra não ser bandido.

O chimango viu o seu lenço branco ficar tingido
Com o sangue do corpo por que já vinha vindo ferido.
Percebeu então quer a amizade é mais que um partido
Largaram as armas e se abraçaram os dois amigos.

PELO DURO
Mano Lima
Vanera

Na função ninguém me bate e a rédea é uma balança
Foi feito pra combate com qualquer soga levanta
Se escarrapacha e até bate
Com os quarto no chão e não plancha.

Corre as crias da manda e o crioulo não refina
E numa volta apertada esmaga e cruza por cima
Rio grande não foi herdado, mas conquistado em teu lombo
Com a fibra do gaúcho e rio-grandense esse teu dono.

Se eu pudesse eu fazia um monumento ao cavalo
Em tudo que era cidade e na capital do estado;
Cavalo crioulo é forte e o rio-grandense é guapo
Peleando de sul a norte na guerra dos farrapos.

Cavalo crioulo é bom puro e cruzado também
Com inglês por exemplo da campeiro meu irmão
Corre boi o dia inteiro
Abre as ventas e tem pulmão
  
NADA VEZES NADA
Mano Lima
Chamarra

Há uma espécie de veneno que nos vai destruindo
É tropa que vai armada, olha a droga no caminho
E a humidade assassinada pelo punhal do homicídio
Parece não valer nada o que deus confiou a seus filhos.

Pros bichos Deus deu o cio e a natureza controla
Pro homem a inteligência e por aí que a coisa embola
Virou raça igual guara disparando dos cachorros
Perdido pensa em voltar grita e pede socorro.

O cachorro e o mendigo se encontram na maleza
O homem é um animal pela própria natureza
Só se hermana e se abraça quando encontra uma desgraça
Sem saber que o maior mal e destruir sua própria raça

Cidade constrói princípios, princípios constrói costumes
Fica nada vezes nada para a nossa juventude
O mundo foi, mas o homem, o homem ainda não
Quem vai pra frente sem base é somente o tropicão

Já dizia o grande poeta e com muita precisão
Que se pudesse eu volta pra o velho mundo cristão
Longe da tal internet e dessa tal televisão
Perto da felicidade e com paz no coração.

















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